Número total de visualizações de páginas

sábado, 19 de novembro de 2011

para a Hilda Hilst

Nunca estarei nos livros.
Jamais me procures nas páginas ou versos,
cemitérios de palavras.
Eu sou parte das galinhas que alimento
a milho, couve e faca,
sou a cruz falada da nossa raça
encerrada no fátuo trono
da adonia.
E se subir um dia aos céus,

Procura-me na chuva ou no rosa do amanhecer ,
nunca junto a pai algum.
Hei-de ser a praia, o gato ou a fotografia.
O tempo perdido procurado.

sábado, 12 de novembro de 2011

POESIA XXII

Não me procures ali
onde os vivos visitam
os chamados mortos.
Procura-me dentro das grandes águas.
Nas praças,
num fogo coração,
entre cavalos, cães,
nos arrozais, no arroio,
ou junto aos pássaros
ou espelhada num outro alguém,
subindo um duro caminho.

Pedra, semente, sal, passos da vida.
Procura-me ali.
Viva.

Hilda Hilst