Número total de visualizações de páginas

quarta-feira, 30 de abril de 2014

the red wings of black birds

I am as far as the number Pi,
as close as the red wings of black birds,
as in-between as the ruins of an ancient doorway
that now leads to nowhere.
I am as strong as a river running
against a dam, as great as a lake
circling around itself - I am the eagle in the sky
the highway across a desert,
a snake biting its own tail.

And you are the hand that feeds me,
the spear wound that bleeds
on a tin bucket made for cleaning.
You are the rabbit down the hole,
the great looking-glass
through which I see you
as the car driving under the overpass
from which I think of jumping.

I am far, far away,
You are too, too close -
You're the road onto which I turn,
but we're no pleasure, all pain;
You were once my flame
and I'm twice my burn.

terça-feira, 22 de abril de 2014

esta manhã

Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos
e o teu perfume a transpirar na minha pele. E o corpo
Doeu-me onde antes os teus dedos foram aves
de verão e a tua boca deixou um rasto de canções.

No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha
camisola; e eu despi-a para ti, a dar-te um coração
que era o resto da vida - como um peixe respira
na rede mais exausta. Nem mesmo à despedida

foram os gestos contundentes: tudo o que vem de ti
é um poema. Contudo, ao acordar, a solidão sulcara
um vale nos cobertores e o meu corpo era de novo
um trilho abandonado na paisagem. Sentei-me na cama

e repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos;
mas as sílabas caíam no fim das palavras, a dor esgota
as forças, são frios os batentes nas portas da manhã.

Maria do Rosário Pedreira, Poesia Reunida.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Y.O.L.O

Este é o tempo da cobardia,
de Cronos devorado,
das serpentes em braços alheios
sempre procurando uma cauda diferente
mas eternamente mordendo as suas.

Este tempo não é para velhos,
se a idade dum homem é
tão nada nem tão-pouco
musgo,
e a musgo sabem os nossos anos
verdes e perdidos.

Este é o tempo da construção
de ruínas sobre pedras
que martelámos no antigamente:
não é o ocaso da nossa vida
mas os cães que vivem por acaso
sempre acham osso melhor.

É este o tempo da falta de energia,
da Acrópole periclitante
que permanece grega e grotesca,
gritando pelos sete mares
vida vida vida vida vida vida e mais vida
e morrendo numa onda
que se quebra numa enseada
onde o sol queima a pele dos anos que perdemos.

Este é o tempo da cobardia:
tudo parte, tudo passa, tudo se come.
E nós ensaiamos uma vida
porque só se vive uma vez
mas nunca se ama duas.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

sharks

the truth, plain and simple:

no matter how many angels
try and cry,
no matter how many seas
we cross barefoot,
no matter how many demons
we slay and behead
no matter how big we become

there's always a bigger shark
in every fucking ocean

terça-feira, 15 de abril de 2014

exercises in free hate

love lover love love lovey dovey lover love love is over
got your hand down your pants
as you always did
never down my pants
self-satisfying jerk
even when you jerked me off
you always said that you'd
eventually leave our train
but our train started with a jerk
and it fucking crashed against our hearts
and I never saw those damn much talked about
fireworks
only fire, friendly and unfriendly fire
like a soccer player
scoring against his own team
this is the ultimate truth of our satire:
love lover love love lovey dovey lover love love is over

quinta-feira, 3 de abril de 2014

the heart grower

I'll grow a heart for
each one that is taken
from my tree.
I may be misquoting
a song
but my duty to life
is both personal
and wordly,
mundane but
evergrowing,
growing roots,
digging deep,
nurturing hearts
into everlasting
being.

I'm growing hearts
I'm growing hearts
I'm growing hearts

I am.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

entranhas

As básicas lombrigas que se abrigam no meu intestino têm odores castanhos e mexem-se em bichas indianas, ou não fosse eu o rei - num reino onde se espera por um cavalo encantado que nos dê um beijo no ombro. Não com desdém mas com encantamento. Os vermes comem-se.