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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

CENTO E QUINZE QUILÓMETROS A OESTE

1. Pré-APDC

Houve o choque no estrondo da noite.
Bêbados, os lençóis deram alento apenas uma vez
enquanto via pela luz que, escura,
aclarava as sombras do quarto.
Eu vi. Vi o abismo caindo em frente a meus pés
descalços no gelo do que viria,
e eu não soube parar de cair sem querer parar,
fui,
vi o sol,
comi tubarões e calças cinzentas,
tomei um judeu como escravo milenar.

Da minha raiva de praia sob o luar e da canção atirada contra as ondas,
e ele observando-a da encosta,
desprotegido, o meu grito ia morrendo contra a água.


Mas na noite estava eu não sozinho,
nunca
estive.
Fui só senhor dos templos deserdados,
nada mais.
Até haver a noite em que a televisão se compadeceu de mim.
Fui já não egoísta, mas malévolo, ó, se malévolo fui,
como se tudo fosse o espelho de mim próprio.
Depois, nas teclas límpidas de um piano,
toquei a juventude de me saber carne,
e envelheci.

2. Na rua, cento e quinze passos, entrar.

A leitura repetida exaustivamente.
Queimada pela luz capitalista.
Os meus olhos sem acreditarem nas letras.
Como se fosse uma punheta diária.
Não senti o orgasmo a gerar-se.
Soube, no entanto, gerir as trevas.
Segui a voz dos caracóis até me encontrar de novo rosto.
E ele perguntava, não estás estilhaçado.
Não, estou uno porque o calor é o mesmo.
E no fim havia sempre o capitalismo.
Porco, que me levou à soberba.
Jade partida, miríade de merda cinco horas a sul.
Continuei porque era café para os mais novos.
Nunca vi por essa altura que dos abismos se sai por cima.
Escavei, no entanto, segui os caranguejos.
Nunca vi as baleias porque dormia.
E talvez nem me lembre bem do cimento que incorporei.
Porque os sumos morcegos, erráticos.
Talvez estivesse mesmo a estilhaçar-me.
Caminhando até à inventada radiação.


3. East placed, West-bound.

Acordei com o Canadá no quarto,
E os meus olhos eram uma alergia à partida sem lágrimas.
Pelas montanhas, via-se a praia que reflectia o céu.
Com risos, direcção sul, uns cento e quinze quilómetros a Este,
Onde as ruas eram perfeitas. Fugiram-me, fiquei só, entrei no avião,
Bebi.
Porque fiquei sempre a Oeste, corpo de volta à velhice.
Não vi os navios partirem. Mas deixei-os estar até
que a Inglaterra me trouxe de volta ao conforto de me saber suicida.
Não me matei, no entanto.
Porque o meu cérebro está ainda a cento e quinze quilómetros a Oeste.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

one two three

before I count one two three
(the steps up to nowhere)
the whore at the bed prays
and the baby is animosity

oh what a pleasant curse to be,
my arms grew larger than life
and now the candle holds the cynic
I count one two three.

sábado, 10 de setembro de 2011

the sounds of love, I'm waiting.

You taste like cigarettes and mint
When I kiss your mouth and
Lick the wounds of my own battles.
Who owns this piece of land you are,
A stranger in the night asked me once
As he tried to kill me because I was home.

You feel like cotton candy in my hands,
Sticky, sweet, I sweat as I fuck you from behind
And I never, ever moan because
My dick isn’t connected to my brain,
No it isn’t – I’d rather have that stranger kill me
Than let you hear my pleasure inside you.

a lista

Pensei durante essa terceira vez 
que uníamos os corpos que o 
amava, ou que o principiava em amar. 
Queria dizê-lo.
Saímos para fumar. Eu tentava 
fazer conversa, mas só recebia respostas. Caminhávamos, 
fumando. 
Perguntei-lhe se estava tudo bem. Sim. 
Mas ele parecia muito estranho. Sentir-se-ia ele estranho 
sempre que o sexo terminava? 
Não queria falar disso. 
Estava estranho. 
Despedimo-nos com um aperto de 
mão bem heterossexual. 
“Desculpa se fui muito inquisitivo. Tem uma boa noite!” 
“Não és tu, sou eu. Não tripes.” 
Foi a última vez que falámos e 
eu nunca mais o vi.