Este é o tempo da cobardia,
de Cronos devorado,
das serpentes em braços alheios
sempre procurando uma cauda diferente
mas eternamente mordendo as suas.
Este tempo não é para velhos,
se a idade dum homem é
tão nada nem tão-pouco
musgo,
e a musgo sabem os nossos anos
verdes e perdidos.
Este é o tempo da construção
de ruínas sobre pedras
que martelámos no antigamente:
não é o ocaso da nossa vida
mas os cães que vivem por acaso
sempre acham osso melhor.
É este o tempo da falta de energia,
da Acrópole periclitante
que permanece grega e grotesca,
gritando pelos sete mares
vida vida vida vida vida vida e mais vida
e morrendo numa onda
que se quebra numa enseada
onde o sol queima a pele dos anos que perdemos.
Este é o tempo da cobardia:
tudo parte, tudo passa, tudo se come.
E nós ensaiamos uma vida
porque só se vive uma vez
mas nunca se ama duas.
Sem comentários:
Enviar um comentário