Número total de visualizações de páginas

segunda-feira, 19 de maio de 2014

à l'inconnu du lac

Talvez eu te ame já. Talvez eu ame o que o futuro vai ser em nós. Conheço-te mal, vejo apenas névoas de ti e tento (só posso) desenhar-te a figura como um cego com as mãos. Mas antevejo-me a ler um livro a teu lado, em horas noturnas, numa casa à beira-mar, a sala com móveis de madeira escura e a luz média dos candeeiros a espelhar a doçura nos nossos olhos que se vêem uns aos outros nas palavras que os papéis nos mostram. Sentados lado a lado, talvez até nem lendo o mesmo livro, talvez apenas escutando o som da água na calmaria das ondas que não morrem na praia e antes se fundem com o areal branco, sentados lado a lado, adormecendo lentamente como o mel escorre, finalmente em lençóis sóbrios-puros-limpos-vivos, dormindo por fim um sono glorioso sem nem sequer antecipar a luz e o brilho do sol que a manhã nos trará. Amar-te-ei como se ama a eternidade: em verdade e transparência. E talvez mesmo eu te ame já, embora de ti tenha ainda apenas e só a tua ausência.

Sem comentários:

Enviar um comentário