O rapaz estendeu a sua mão e ofereceu ajuda. Escorria-lhe do olhar um vago temor triste, uma profunda compreensão pelo castelo de areia que o outro erigira na sua praia deserta. A mão estendida, os olhos turvos, as costas curvadas sob o sol ardente, o rapaz esperava um qualquer sinal que fosse, mas o outro, contemplando apenas a sua fortaleza, ignorou que alguma mão ali estivesse para o salvar da onda pintada de azul, revolvendo o chão do mar em sua passagem num estrondo primeiro surdo e paulatinamente mais audível. Quando a água bateu na areia, o que sobrou na dourada planície foi apenas a areia, e o castelo, outrora indissolúvel, desaparecera entre as duas mãos nunca unidas.
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