Número total de visualizações de páginas

quarta-feira, 8 de junho de 2011

tríptico de espera

3.30

Um,
Rumo ao sul
Na carruagem as oliveiras nas cartas
Dadas de pernas abertas.

Dois,
Chora uma criança a sul
E na terra avermelhada cai o céu
No franco duende fechado.

Três,
A música persiste ao sul
As casas brancas acenando
As conversas escondidas

Meia,
Ao sul, um carro esperando,
Sinto-o, não o vejo,
Durmo apenas o cegosurdomudo sono.


1.30

Uma hora
Ardendo em bancos ocupados
Fora de mim,
Como foi que assim tudo se volveu,
Um sol de sangue ardido,
E eu, o topo de um precipício,
Fiquei sendo o fundo
Olhando o céu.
Hoje, meia hora,
Crio asas que vão voando sozinhas,
No meu próprio limbo de tempo desfeito
Sou apenas o que posso ser,
Em nada mais me resta transformar.
E as asas que ardam até
Os meus braços serem pedra
Forte, e eu suba, por fim, mais alto do que elas.


- 1.30

Menos de trinta minutos.
E rasgos de luz insuspeitos a transbordar de sentido.
Leite derramado sobre a fronte quente.
Foi a confusão buscar-me sorrateira.
Furou-me de lado a lado.
Só depois a luz espreitou por dentro de mim.
Iluminou o furo e queimou a ferida.
Menos uma hora.
Gritarei de triunfo se tal for essa luz.
Estarei no oriente encontrado, os bancos puros.
E Vénus recolhida, dormindo, entregar-me-á os seus cabelos.
Sem sequer acordar do sono do Amor.

Sem comentários:

Enviar um comentário