O que as avestruzes mais gostavam de fazer era ler o seu horóscopo – era vê-las numa completa azáfama a correr pelas ruas e a invadir os cafés logo de manhãzinha e a ler o que o destino lhes reservava diariamente, semanalmente, para o mês todo ou até para o ano inteiro. Liam aquilo como se disso dependessem as suas vidas. Depois de sabido o futuro, iam ou não meter as cabeças na água ao fim do dia, imediatamente após o trabalho.
Havia também avestruzes da socielite – os talkshows das avestruzes, onde outras aves mais pobres iam contar as suas terríveis histórias de vida, sempre com um balde cheio de água ao pé das cadeiras; o noticiário apresentado por uma avestruz que num tom indiferente ia recitando o que de novo ou velho se ia passando no país; e as avestruzes contavam também com as telenovelas. Estas últimas só podiam ser vistas com múltiplos baldes cheios de água ao pé, eram para a família toda e ninguém podia arriscar a não afundar a cabecinha naqueles momentos mais tensos, de suspense ou de puro terror e miséria.
Continuo a gostar do que escreve; mas porque tem que escrever com desespero? Não consigo perceber a razão.
ResponderEliminarNão concordo inteiramente. Mas, de resto, porquê escrever com esperança?
ResponderEliminarAdoro estas personagens caricatas que imaginas :)
ResponderEliminarNão te lembras do dvd dos apanhados? Senhor que diz que ainda não inventaram avestruzes aquáticas :)
ResponderEliminarhahahahaha... Não me lembrava, mas continuo a achar-te super criativo :P
ResponderEliminar*blushes*
ResponderEliminarbrigado, maezinha :)