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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

as saudades chinesas

    Lembro-me de ser pequeno e ir a restaurantes chineses. A comida agridoce a ser novidade, os pauzinhos, a colher de porcelana para a sopa, os empregados sorridentes, arroz chao chao, banana fa si. 
    No entanto, do que mais me lembro é a súbita pena que senti dessas pessoas de aspecto diferente, de língua diferente, que faziam tudo ao contrário de nós e que se mostravam, exóticos, ao Ocidente, encaixados por serem o outro. Eu não sabia exprimir-me como o sei agora e talvez a memória me esteja a atraiçoar ao escrever estas palavras, mas eu recordo com a força de um nó que aperta a garganta, recordo essas lágrimas que tive de conter ao imaginar e, de facto, ler (provavelmente apenas na minha cabeça) nos seus rostos a dor da distância que vai entre a China e Portugal, entre o Oriente e o Ocidente, entre o uso de pauzinhos e o uso de um garfo e de uma faca. E lembro-me apenas dessa dor que eu sentia por eles. E da pena que me davam por eu achar que eram muito sozinhos. 
    E de tentar agradecer ao máximo e dar-lhes o que podia: um sorriso que valesse as saudades que em chinês porventura sentissem.

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