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domingo, 8 de abril de 2012

o meu cristo

A PAIXÃO

(para o meu tio Tónio)

Nunca mais te verei.
A terra cobriu-te o sol e os dias,
o teu sol e os nossos dias
Agora, entre os dedos das minhas mãos não te vejo no meu abraço
morto sem corpo, sem a luz que o tempo apaga.

Nunca mais te atirarei pedras.
Morreste-nos no verão cravejado de pedras
Que exibi no meu rosto.
Perdoa-me.
Perdoa-me as palavras no entardecer.

Deixo a tua ausência na minha ausência,
Não te posso mais imaginar.
Restará a laje e a humidade no teu retrato
E a continuação das tuas sementes
E eu parto porque o meu corpo já não suporta o teu peso.

Mas perdoa-me as palavras no entardecer.

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