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sexta-feira, 6 de abril de 2012

SEF

    Reza chegou a Lisboa depois de tudo ter colapsado em Itália e Espanha. Fugira de casa, esse lugar onde o leite das cabras alimenta montanhas mas não saceia sedes, fugira do seu país porque talvez tivesse de salvar uma irmã ou ajudar um pai, não o sabemos porque as causas das coisas nem sempre nos são claras ou passíveis de serem conhecidas. A verdade é que Reza fugira, correra, voara, conduzira e seguira dormindo em comboios e autocarros, percorrera mentalmente todo um Império Persa, a grandeza de quilómetros atravessara-se-lhe na memória que tantas vezes esquece e confunde, para ele a fuga fora uma titanomaquia, e, chegado a Itália, desmoronaram-se os deuses no seu corpo, a força dessas entidades antigas que velavam sobre o Irão e os iranianos esvaía-se-lhe como sangue de uma ferida aberta.

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