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sábado, 10 de novembro de 2012

a insustentável ubiquidade da memória


    Existiu uma vez um cântico o mais belo dos cânticos dizia liberdade liberdade não poderemos escutá-lo nunca mais o mundo agrilhoado aos papéis fictícios. 
    Saí à rua na urbe cinzenta o céu uma redoma de vidro búzio. Capitalizemos os esforços beligerantes este não é o meu mundo protestos. Mas havia no céu uma espécie de resposta de contemplação idiota as aves voando indiferentes aos discurso dos homens e das mulheres. Éramos uma espécie de confusão de túneis estreitos donde brotavam apenas o sangue mais puramente grosso e o húmus febril do chão já seco já sem vida já sem força.
    Lembramo-nos ainda de tudo dos acidentes e dos milhares e milhares de anos que se volveram até girarem completamente até ao agora. E o mundo gira todavia num inútil eritrograma que nunca dará ao tempo todos os glóbulos vermelhos que lhe deve. E o tempo cansou: passa agora apenas porque a terra gira e porque tem de passar o tempo nunca mais será nosso nem perfeito virámos-lhe as costas e sol virou autocombustante.
    Eu saí à rua como saio todos os dias e nada vi apenas as lânguidas pernas das pessoas alternadamente mexendo-se: um rio que quer ser mar mas cujas margens são demasiado estreitas. Vi como deviam ver todos a solidariedade de interesses como devia ser: nas pernas dos homens e das mulheres eu vi como tudo forçosamente tinha de ser e lembrei-me de tudo aquilo que não o é e de que o mundo feliz ou infelizmente pode apenas ser nada mais.  

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