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terça-feira, 6 de novembro de 2012

para a Cecília Meireles, naufragando.

DETRITOS

Tive um sonho dentro dum navio
Morrendo sobre as ondas do mar
Despertei depois a meio da noite
e vi a lua pintando o negro mar

Os meus olhos viram ainda o céu aberto
como se fosse aquela uma noite transparente,
E o mar bravio uivava sob a luz da lua,
as ondas o espelho do meu brilho morrente

Naufragou então o navio naquele mar
E o meu sonho afogou-se na água pintada,
Sobraram os destroços do futuro perdido
E eu fechei os olhos à lua estagnada

Hei-de chorar por cada onda desse mar
Que morreu quebrada contra a água
Porque do meu sonho desfeito em mil gotas
Ficaram apenas restos de alegria e mágoa

E quando o mar acalmar e a lua se deitar,
verei a perfeição do desenho que resta:
o mar pintado de luz brilhante e lisa
e o meu sonho agora só memória funesta.

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