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quarta-feira, 11 de maio de 2011

ENTRA, ROSTO.

Irremediavelmente, sou eu.
Atravessemos as flores e os espinhos,
juntos. Nesse jardim, hei-de olhar-te
como se olha uma rosa a florir em sangue.
Quando dormias a meu lado, lutei
contra as lágrimas do silêncio do teu corpo,
dos teus olhos vendo escuridão.
Atravessemos, pois, a água e as árvores,
e depois chora por mim, acordado.
 
A noite é-me tão escura.
O tempo tem gravidade absoluta.
 
Incomensuravelmente, estou aqui.
Abracemo-nos face à Primavera,
enlaçados. Nessa janela, hei-de ver-te
partir como sempre quando partes.
Mesmo se as lágrimas secarem, haja
um oceano quente para os barcos
que criámos ao navegar nos lençóis.
Naveguemos, pois, neles até
às praias que jurámos, adormecidos.
 
Que na noite eu seja grande como tu.
E que o tempo seja o nosso centro.

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