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quarta-feira, 11 de maio de 2011

na noite que me tem tido

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Choro por ti, interminavelmente.
Sem poesia alguma, será que assim fico
mais feminino, diz? Na aula de boxe
hei-de esmagar um crânio, e levantá-lo
num plinto de cristal sobre esta cama
onde esqueci o clube a que pertenço.
Que farei eu, se me acontece
amor sem corpo ao corpo atravessado
e, contra tudo, quero o que não sou?
Também tu és criança, mulher, homem,
bicho tardio que me consome o rosto,
misturado comigo é quando existes.
Já de olhos secos me vesti de tudo,
até quando quiseres que seja nada.

in António Franco Alexandre, Duende.

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