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domingo, 10 de julho de 2011

desnudo, vivo.

Havia perdido ainda outra vez mais uma mão. Perdera a conta. Elas cresciam, sempre cresciam mais cedo ou mais tarde. Daquela vez, no entanto, desejava que ela crescesse mais rápido, que o seu surgimento fosse mais vespertino porque lhe fazia falta mais na altura do ocaso, o que criava um problema: na aurora faltava-lhe a mão no sono, onde era tudo um concerto sem que ele pudesse tocar o instrumento que lhe competia; no final de tarde, a mão deixava sentir-se em falta para segurar a bengala que na flor da sua juventude usava para guiar o corpo de velho, pesado, moroso, deficiente. E necessitava também da mão para esmurrar quem se atrevesse a tentar roubar-lhe mais uma que fosse. Só quando obtivesse uma nova mão poderia ele esmagar o mundo com os dedos. E ser, sendo.

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