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quarta-feira, 27 de abril de 2011

5.2. A Palavra

OFÍCIO PROFANO

A palavra em ruínas, quebrada em pedaços, espalhada,
pertence-me, pertencer-me-á?
Pede-me que eu a una, que a reconheça, que a trabalhe,
mas eu só posso fragmentá-la, esquartejá-la, cortá-la até à exaustão.

E, assim, é minha a palavra?

Eu que a torno estranha e a rebento em mil, lhe dou munição e a desfaço,
terei eu esse direito de a tomar para mim?
Por que será que quanto mais ela me chama,
mais vontade tenho eu de a destruir e contaminar,
de a insultar e de a agredir?

Silêncio, palavra. Silêncio, que te vou ofender.
Silêncio.
Isto é uma violação.

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