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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Axioma

Um dia, pegarei em todos os meus medos,
disse-o uma vez e não sem em isso crer,
tomarei todos eles em meu regaço.
Depois
– escuta, Adão –,
 depois,
hei-de afagar-lhes as cabeças
e beijar-lhes os corpos até aos pés.

E um a um, sempre por cada um vertida uma lágrima de mim,
devorá-los-ei lentamente como que para congelar
o tempo em que me assustavam.
E no final,
– compreendes, Adão? –
os meus músculos rejuvenescidos no colchão de molas fracas,
já sem os medos, livres. E o meu olhar sem receio,
– verás, Adão –,

como será o mais belo contemplar de todos e
os meus olhos, que olhavam ao revés, verão pois
a pureza das manhãs e a mansidão das noites sem olhar para trás,
será sempre um meio
– sentes, Adão? –,
um centro perfeito onde
eu regurgitarei rosas nascidas dos meus
medos ruminados.  

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